Transformar a dor em acolhimento, a saudade em memória e o luto em esperança para as famílias que estão enfrentando momentos difíceis com suas crianças internadas na UTI Pediátrica do Hospital Regional do Oeste (HRO). Esse é o propósito do projeto Asas da Esperança, idealizado por Tatiana Ângela Müller Kich e Sirlei Ferronato Nedel, em um gesto de amor e homenagem aos seus filhos, Angelo e Gustavo, que passaram pelo hospital e permanecem vivos na memória e na inspiração deixada em todos que cruzaram seu caminho.
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A proposta é ambientar os corredores e a sala de espera da UTI Pediátrica, levando mais conforto e acolhimento às famílias que enfrentam a grande dificuldade que é estar com seus filhos internados no espaço.
O projeto arquitetônico está pronto e foi desenvolvido de forma voluntária pelo arquiteto Gean Barth. O projeto executivo está a cargo da equipe técnica do HRO e, agora, as famílias buscam apoio da comunidade, empresas e prestadores de serviços para viabilizar a execução da reforma, mobiliário e a compra de materiais necessários.
A homenagem relembra Gustavo, de 15 anos, filho de Sirlei e Waldomiro Nedel, que compartilhou por 9 meses de sua jornada com os profissionais do HRO enquanto enfrentava o tratamento contra a leucemia. Também celebra a memória do pequeno Angelo, de 4 anos, filho de Tatiana e Carlos Otávio Kich, que recebeu todo o carinho e dedicação da equipe da UTI Pediátrica após um acidente.
As duas famílias, que são de Mondaí, não se conheciam pessoalmente, mas viveram a despedida dos filhos com apenas poucos dias de diferença. As mães, que foram apresentadas por uma amiga em comum, decidiram se unir no momento mais difícil de suas vidas para realizar um pedido especial de Gustavo e também deixar a marca de seus meninos no espaço que os acolheu em seus momentos de maior fragilidade.
O adolescente, que foi escoteiro desde pequeno, tinha um grande apreço pela natureza e em seus dias de internação, pediu à Sirlei que o ajudasse a fazer um projeto para a criação de um jardim no hospital. “O Gustavo era um menino muito especial. Sempre gostou de brincar fora, com os brinquedos, brincar na terra. Quando a gente se mudou para a cidade, ele já ingressou nos escoteiros, como lobinho. Então ele se aventurou: amava acampar, estar em meio à bicharada, aos animais, à mata. Essa era a paixão dele”, conta Sirlei.
A mãe conta que ao propor a ideia ao Hospital, já havia um projeto em andamento. E foi assim, com a ajuda de Tatiana, que ela mudou um pouco os planos, trazendo também para o projeto a trajetória e a memória de Angelo. “Ele foi um menino de luz. Nos ensinou o amor mais puro e verdadeiro que eu poderia sentir. Era um menino muito cativante, muito meigo, muito responsável e tinha um coração enorme”, comenta a mãe.
Projeto
A inspiração principal para a criação do conceito arquitetônico é a personalidade dos dois meninos, que apesar de não terem se conhecido, uniram suas mães e seguem guiando novos apoiadores para se juntar a essa nobre missão.
Um dos primeiros parceiros é o arquiteto Gean Barth, primo de Gustavo. Ele explica que a proposta vai além do aspecto infantil e busca acolher também os familiares e a equipe médica, beneficiando crianças, pais e profissionais da saúde que convivem diariamente com situações difíceis na UTI Pediátrica.
Com base nas histórias de Gustavo e Angelo, o arquiteto criou uma narrativa visual que percorre o corredor, utilizando cores e elementos simbólicos inspirados no livro O Pequeno Príncipe e representando uma jornada lúdica e reflexiva. “Trouxe também, junto ao projeto, a cor azul em diferentes tonalidades, representando o céu da noite e do dia, além de estrelas que fazem referência à história do Pequeno Príncipe. A cor verde, além de representar um dos meninos, contribui para o conceito natural proposto, partindo da copa de uma árvore simbólica e se estendendo pelo corredor”, comenta.
As linhas destas cores começam em extremidades opostas do corredor, o verde representando Gustavo, ligado ao escotismo, e azul para o Angelo, que era sua cor favorita. As histórias dos dois se encontram no centro, onde está a logomarca do projeto.
Frases escolhidas pelas mães dos meninos também estão presentes, com letras em destaque que formam seus nomes. Assim, mesmo quem não conhece as histórias pessoais pode encontrar inspiração e força nas mensagens.
A enfermeira coordenadora da UTI Pediátrica, Gloriana Frizon, ressalta o quanto as trajetórias dos meninos e seus familiares marcaram a equipe e como o projeto vai transformar a experiência de todos que passam pelo espaço. “O ressignificar não é esquecer, não é escrever outra história, é continuar a história de uma forma diferente. Esse corredor é muito significativo, pois representa a passagem para muitas crianças, algumas com finais difíceis, mas necessários. Ele simboliza também o impacto não só para os familiares, mas também para a equipe de trabalho, que deve estar atenta a cuidar da criança dentro de si, e fazer o cuidado de forma leve, pois isso marcará o resto da vida das crianças e de todos que aqui estão”, afirma.
Como ajudar
Para tirar os planos do papel, as famílias buscam apoio na comunidade. E você também pode colaborar com a realização desse projeto, seja com doações financeiras, de materiais de construção, mobiliário, serviços voluntários ou com valores reduzidos.
Para as famílias, muito mais do que uma obra, a reforma vai dar voz às histórias que por ali passaram. “Ressignificar a saudade é aprender a amar de outro jeito. A realização desse projeto é uma forma de ressignificar nossa vida, de seguir mantendo o legado e as virtudes do bem, do amor e da esperança que o Angelo nos ensinou, deixou como legado e nos ensina todos os dias”, finaliza Tatiana.
Para apoiar, envie qualquer valor para o PIX asasdaesperanca@hro.org.br ou entre em contato pelos telefones: Sirlei (49) 99958-9488 ou Tatiana (49) 98824-2350. Acompanhe também o instagram do projeto @asasdaesperanca.
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