As moedas latino-americanas desvalorizaram mais de 30% frente ao dólar nos últimos 10 anos, é o que aponta um levantamento realizado com exclusividade por Michael Viriato, fundador e sócio da Casa do Investidor. Dentro desse período, o real desvalorizou 61,95%, ficando atrás apenas do peso argentino, que caiu 96,20%.
Conforme explicou o professor de finanças do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Claudio de Moraes, a cesta de moedas de países emergentes costuma sofrer com movimentos externos e internos.
No curto e no médio prazos, existem diversos fatores que podem influenciar o valor da moeda. Tais como, riscos políticos e econômicos, acúmulo de dívida pública, exportações, balança comercial, crescimento econômico e performance da bolsa.
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No caso da América Latina, o câmbio também tende a ser correlacionado com o preço das commodities (no Brasil, as principais commodities são o café, a soja, o trigo e o petróleo), por causa de sua importância para estas economias. Esse foi um dos motivos para que o real fosse a quarta moeda que mais se valorizou em relação ao dólar neste ano.
A crise que a Covid-19 causou, foi um dos fatores externos que acabou gerando esse impacto nas moedas, pois os investidores procuram por moedas mais seguras e abandonaram os investimentos latino-americanos, migrando para os Estados Unidos, por exemplo.
Francisco Nobre, economista da XP, explica que, especificamente no longo prazo, os juros e a inflação persistentemente mais altos tendem a desvalorizar as moedas e baixar o preço do câmbio.
Nos últimos 10 anos, os juros e a inflação nos países da América Latina foram muito mais altos se comparados com os Estados Unidos, assim naturalmente, as moedas se desvalorizaram ao longo do tempo e não vão mais voltar para os níveis de 2012.
No Brasil, o real já vinha se desvalorizando contra o dólar nos últimos cinco anos, para um valor abaixo do que seria considerado “justo”, afirmou o economista da XP.
Ele também aponta dois principais motivos para isso: o Fed (banco central dos Estados Unidos) manter os juros consideravelmente baixos por vários anos depois da crise financeira de 2008 e o crescimento econômico no Brasil ter sido fraco nesse período.
Fonte: CNN Brasil