Relações Líquidas: um conceito para pensar a sociedade atual
A amizade e os relacionamentos amorosos são substituídos por conexões que, a qualquer momento, podem ser desfeitas
Por: Canal Ideal
30/11/2021 16h10 - Atualizado há 3 anos
“A era da modernidade líquida em que vivemos é um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível...” Zygmunt Bauman
“Vivemos tempos líquidos. Nada é feito para durar.”
Esse pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman expressa uma dura verdade de nosso tempo. Não é preciso procurar muito para enxergá-la, principalmente no âmbito dos relacionamentos. A máxima da nossa sociedade é descartar o que não nos agrada, o que nos incomoda, o que exige de nós algo que está para além do nosso conforto.
Vivemos em um momento histórico em que as relações são frágeis, fugazes e maleáveis. Essas relações podem ser reflexo da sociedade contemporânea e imediatista, na qual, quando o outro não corresponde as nossas expectativas, tende-se a se buscar um novo relacionamento, seguindo a lógica que vivemos hoje. As pessoas não estão mais dispostas a “consertar” o que está errado no relacionamento, elas apenas partem para o próximo com uma bagagem cheia de conflitos e questões internas mal resolvidas.
As conexões estabelecidas entre pessoas são laços banais e eventuais. As pessoas buscam um número grande de conexões, pois isso se tornou motivo de ostentação. Mais parceiros e parceiras sexuais, mais “amigos” (que, na verdade, não passam, na maioria dos casos, de colegas ou conhecidos), pois quanto mais conexões, mais célebre a pessoa é considerada.
Podemos fazer uma breve análise das relações sociais em redes sociais como o Instagram: quanto mais “amigos” (que, na verdade, são apenas contatos virtuais) a pessoa tem, mais requisitada ela se torna.
E podemos lidar com isso? Bem, a resposta é, provavelmente, sim.
Procure ‘estar presente’: exercite a atenção plena onde e com quem estiver; ouça, olhe nos olhos, concentre-se na interação e no momento. Assim poderá conhecer e deixar-se conhecer melhor.
Lembre-se de que, assim como você, cada pessoa é única em sua singularidade e merece um contato verdadeiramente humano. Não somos descartáveis.
Trabalhe a sua autoestima: o amor próprio reduz a carência, evitando que você fique vulnerável a envolvimentos negativos.
Arrisque-se: estamos sim, sempre em risco, quando resolvemos nos apaixonar; é preciso doação e troca, além de paciência para construir uma relação. Mas é claro que vale a pena!
Resumindo, se conseguirmos estar sempre atentos ao outro e a nós mesmos, abertos para o momento presente, sem medo de tentar, pode ser que encontremos um amor/amizade que não seja líquido e nem gasoso, mas finalmente sólido.
A condição apareceu na mais recente edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
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