O câncer é uma das doenças mais temidas da atualidade e, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2040, o número de casos poderá chegar a 29 milhões. A implementação de estratégias de prevenção e detecção precoce da doença, utilizando métodos rápidos e não invasivos, pode contribuir para a redução e o controle dessa incidência.
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Com esse objetivo, a professora Gisele Louro Peres, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Laranjeiras do Sul, conduz o projeto de pesquisa “Desenvolvimento de potencial inovador fluoróforo inorgânico no infravermelho próximo: uma abordagem experimental para desempenho otimizado”, que visa à criação de biossensores para a detecção rápida e não invasiva do câncer.
Esses biossensores são nanocarregadores que podem ser utilizados tanto para diagnóstico quanto para o tratamento do câncer. Na pesquisa, eles emitem luz na faixa do infravermelho próximo (NIR) e utilizam o azul egípcio como agente de imagem para a detecção da doença. Essa tecnologia se destaca em relação aos métodos convencionais de detecção por ser altamente sensível, não invasiva, não destrutiva, mais acessível e mais ágil do que biópsias e exames de imagem tradicionais. Além disso, oferece imagens de alta resolução, com maior penetração em tecidos biológicos e menor fototoxicidade.
O biossensor em estudo foi pensado e elaborado para detectar diferentes tipos de câncer que expressam o receptor TAG-72, como câncer de mama, ovário, pâncreas e cólon. No entanto, estudos futuros poderão ampliar sua aplicação, possibilitando avanços no diagnóstico precoce e no tratamento de outros tipos de câncer.
A pesquisadora comenta sobre o andamento da pesquisa: “Atualmente, os biossensores baseados no azul egípcio estão na fase de síntese, encapsulamento e caracterização laboratorial. O encapsulamento foi realizado com sucesso, e outros testes estão em andamento com o objetivo de garantir a funcionalidade do biossensor antes de avançarmos para os testes específicos de detecção de células tumorais”, explica Gisele.
“Os próximos passos da pesquisa envolvem modificar a superfície dos nanocarregadores com pequenos fragmentos de proteínas (peptídeos) que conseguem identificar e se ligar especificamente ao receptor TAG-72, presente em células cancerígenas. No entanto, para avançarmos nessa etapa é fundamental contar com suporte financeiro e parcerias estratégicas. A pesquisa já demonstrou resultados promissores na fase laboratorial, mas para validar a eficácia dos biossensores em condições fisiológicas e garantir seu potencial para aplicações biomédicas, precisamos estabelecer colaborações com empresas, órgãos de fomento e instituições interessadas em impulsionar essa inovação”, relata.
Gisele comenta que “a pesquisa incorpora solventes eutéticos profundos (DES) na formulação dos biossensores, potencializando a fluorescência do material e adotando uma abordagem mais sustentável. O uso de DES, biodegradáveis e de baixa toxicidade, substitui solventes orgânicos convencionais, reduzindo o impacto ambiental e alinhando o desenvolvimento dos biossensores aos princípios da química verde. Dessa forma, além de inovar na detecção do câncer, a pesquisa também avança na direção de soluções tecnológicas mais sustentáveis e seguras para aplicações biomédicas, continuando, de forma moderna, o legado de cura e proteção que o azul egípcio sempre representou”.
O grupo de pesquisa em Química Tecnológica e Ambiental (GPQTA), liderado pela professora Gisele, iniciou o estudo desses sistemas inovadores e está explorando suas possíveis aplicações terapêuticas, combinando-os com o uso de ervas medicinais. Os compostos bioativos dessas ervas podem ser potencializados por novas tecnologias, resultando em tratamentos mais eficazes e sustentáveis.
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